A Mulher que Teme ao Senhor
O primeiro segredo da Mulher de Provérbios 31 é o fato de ela ser uma mulher que teme ao Senhor: “Enganosa é a graça, e vaidade, a formosura, mas a mulher que teme ao Senhor, essa será louvada.”(Pv 31.30)
A mulher de Provérbios 31 não é elogiada por sua beleza, aparência nem, muito menos, por ser uma super-mulher, cheia de habilidades e talentos, e por cumprir sua lista de tarefas no final do dia, mas, sim, por temer a Deus. Temer a Deus é o primeiro princípio e segredo para se tornar uma mulher sábia e virtuosa.
“O temor do Senhor é o princípio da sabedoria, e o conhecimento do Santo é entendimento” (Pv 9.10)
As realizações da mulher de Provérbios 31 vêm muito além da sua beleza, da sua capacidade e habilidade de cuidar do marido, dos filhos e da casa. Vêm de um relacionamento pessoal com o Senhor, de um desejo intenso de agradar a Deus por meio do seu modo de viver piedoso no dia a dia entre a pilha de louças, a casa para limpar, os filhos para cuidar, um marido para servir e tantas outras atividades em que ela estava inserida.
Enquanto que, para a sociedade a beleza externa é admirada e idolatrada, na perspectiva do reino de Deus, o que faz uma mulher ser louvada e admirada é o modo como ela teme ao Senhor, pois a maneira como ela teme ao Senhor está diretamente relacionada às suas atitudes em relação ao marido, os filhos, às pessoas à sua volta, ou seja, a forma como vive a vida prática.
Mas o que é temer ao Senhor? É ter medo de ser cobrada por Deus por não dar conta de cuidar da sua casa, manter as tarefas escolares dos filhos em dia, as camisas do marido impecavelmente passadas e o jardim florido? É ter medo e pavor de ser julgada por sentir-se cansada, exausta e entediada das tarefas corriqueiras do dia a dia que nunca acabam? Ou será que temer ao Senhor é ter medo de ser consumida pelo olhar de fogo consumidor de um Deus que está pronto para nos exterminar quando não damos conta de fazer uma sobremesa para o almoço de domingo?
Para a mulher que já teve um encontro com Deus, temer ao Senhor não é ser mais possuída pelo medo estarrecedor de ser consumida por Ele pois o seu grande amor por nós ao entregar o seu único filho, Jesus Cristo, para morrer em nosso lugar, e pelos nossos pecados, lançou fora todo o medo: “No amor não há medo antes o perfeito amor lança fora o medo” (1 Jo 4.18a). “É claro que temer a Deus inclui a compreensão de quanto Deus odeia o pecado e nos faz temer Seu julgamento sobre o pecado.”. Esse tipo de temor ou medo nos impede de sair por aí pecando e errando inconsequentemente. É como uma criança, que tem medo de ser corrigida pelo pai.
Como escrevi no livro Vestida de Força, quando eu era criança, o medo de ser disciplinada por meu pai e minha mãe me impedia de fazer um monte de coisas que não eram boas para meu desenvolvimento moral e físico. Em nosso relacionamento com Deus não é diferente, devemos temer sua disciplina. Não uma disciplina apenas para nos machucar e ferir, mas feita em amor, com o objetivo de nos ensinar:
“Vocês se esqueceram da palavra de ânimo que ele lhes dirige como a filhos: “Meu filho, não despreze a disciplina do Senhor, nem se magoe com a sua repreensão, pois o Senhor disciplina a quem ama, e castiga todo aquele a quem aceita como filho. Suportem as dificuldades, recebendo-as como disciplina; Deus os trata como filhos. Pois, qual o filho que não é disciplinado por seu pai?” (Hebreus 12.5-7)
Temer a Deus vai além de ter medo de Deus. Embora o temor do Senhor possa ser definido como “a consciência contínua de que nosso amoroso Pai celestial está observando e avaliando tudo o que pensamos, dizemos e fazemos”, o temor a Deus envolve profunda reverência e respeito.
Aqueles que temem o Senhor têm uma consciência contínua Dele, uma reverência profunda por Ele e um compromisso sincero de obedecê-Lo.
Precisamos entender que o que nos faz ser louvada e admirada não é o nosso porte físico, a nossa aparência nem tampouco o quanto podemos fazer de uma lista de tarefas, mas sim como a fazemos — “Busca lã e linho e trabalha de boa vontade com as suas mãos” (Pv 31.13) — e para quem a fazemos — “Assim, quer vocês comam, bebam ou façam qualquer outra coisa, façam para a glória de Deus“ (1Co 10.31).
É como fazemos e para quem fazemos que nos torna louvável. Quando estou muito cansada, ou não me sinto reconhecida após passar uma manhã passando uma pilha de roupas ou esfregando o chão da cozinha, lembro- -me de que serei reconhecida por Deus, não pelo simples fato de estar “gastando” meu precioso tempo e energia ao cuidar da minha casa, do meu marido e dos meus filhos, mas por fazê-lo com um espírito manso, tranquilo e agradecido a Deus; por entender tanto o sublime chamado de servir à minha família quanto minha posição como uma mulher que teme ao Senhor.
*Trecho do livro Vestida de Força, Adriana de Paula.
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